O Arco do Cego
Dos meus tempos de alfacinha, sonhei esta curta história cuja sinopse convosco partilho, filantropo que sou. O Arco do Cego Gerónimo Matatias era atleta olímpico. Na realidade, era um atleta para-olímpico, um invisual campeão de tiro com arco. Um dia roubaram o arco ao cego. Eis como tudo se passou: Numa tórrida manhã de Fevereiro, enquanto treinava no Estádio Nacional, deparou-se-lhe de chofre a crueldade da natureza humana. Dos sete pecados mortais, nenhum mais fatal que a inveja. E foi precisamente a inveja que corroeu o espírito do seu colega para-olímpico, Jacinto Flores, também ele um campeão, mas dos 300m barreiras, que transpunha com invulgar facilidade, apesar da cadeira de rodas a que estava obrigado pela distrofia muscular galopante. Quis o destino que em amena cavaqueira olímpica, entre pires de caracóis e cervejas dietéticas, se comparassem troféus. Ora Gerónimo Matatias insistia com particular ênfase, que não via como podia ele, Jacinto, conseguir todos aqueles troféus q