A ponte
Os pirilampos e assobios do Skoda criaram um vácuo na praça da portagem, que ainda há 30 segundos estava cheia. Nada infunde mais terror a um automobilista do que um carro da Brigada de Trânsito. Sem sequer abrandar na portagem, o carro precipitou-se para o tabuleiro da ponte e ainda antes do primeiro pilar bloqueou a faixa da direita. Ambos os guardas saíram precipitadamente e cercaram um indivíduo que seguia a pé pelo estreito corredor pedonal de emergência. Vestia uma camisola azul e umas calças de ganga, com uma chave de fendas e outra de boca enfiadas no bolso de trás, e não parecia sofrer de vertigens. - O senhor não pode estar aqui. - disse um dos polícias - Faça favor entre na viatura e venha connosco. - Porque é que não posso estar aqui? A ponte é minha, posso ir onde quiser. - A ponte é sua? Que significa isso? - Aquilo que acabei de dizer: a ponte é minha, posso estar onde quiser. - A ponte não é sua, é do estado, e o senhor não pode estar aqui. - É minh