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A mostrar mensagens de fevereiro, 2018

O Fado da Desgraçadinha

Andava a desgraçadinha no gamanço, P'ra alimentar os dois filhos tuberculosos... E na calada da noite achava sempre um "tanso" Que lhe enchia os dois rebentos bem gulosos! Ia de porta em porta a pedinchar, Pelo amor da sua Mãezinha dê-me a esmola Que me ajude a viver este meu penar, Porque os coitados já nem podem ir à escola! Ai Jesus, pobre mulher valha-me Deus, Vá pedir a outra porta na vizinhança Porque eu, olhe... até p'ros meus!... Já nem sei o que fazer p'ra lhes encher a pança! Ah pois é!... ladeira abaixo lá ia ela, Porta sim e porta não a desandar!... Á noitinha ela punha-se à janela, A ver a Lua que lhe dava o seu Luar! De graça em graça à luz do dia, A pobre mulher assim viva e altiva era A primeira a colher o que comia, E a fingir que a vida é assim tão "bera" ... Definhava a olhos vistos, só por fora! Porque a Alma de cigana lhe traía, De tanto pedir a Deus, ELE foi-se embora, Pois já nem o Jesus Cristo nela cria!