O Pai do Vento
Esta é uma história clássica. Há muito tempo que não a oiço, e se calhar não sou o único. Para que não se perca esta pérola da tradição oral do nosso país, registo-a aqui para a posteridade. Final de Maio na aldeia de Vinhozes, concelho de Viana do Alentejo. Está alegre, a localidade, embora pequena como sempre. O final da tarde de domingo está quente, mas nem de perto tão quente como virá a estar dali a dois meses. Suficientemente quente para que os aldeões se juntem na praça, debaixo do velho carvalho. Conversa-se, joga-se à sueca, um grupo de novos e velhos entoam os cantares típicos, entremeados com copos de tinto e fatias de presunto do ano anterior. Risos, cantigas, dichotes, é a alegria generalizada. A alegria genuína de quem não tem outro motivo se não um tempo agradável e a companhia dos amigos e familiares. Até o avô Bernardo foi desenterrar o velho acordeão, o qual vai tocando desafinadamente, quando o grupo coral pausa. Há crianças a correr, a jogar à bola e a andar d