Conto de Natal
Era já dia 23, mas os Coutinhos não puderam despachar-se mais cedo para ir passar o Natal com a família à terra, como faziam todos os anos desde que se haviam mudado para Lisboa. Havia mais de uma dúzia de anos que a mudança acontecera, ainda os Coutinhos mais novos não haviam nascido. Saíram alfacinhas, ao contrário dos progenitores, beirões de Fornos de Algodres. E para Fornos de Algodres se dirigiam neste 23 de Dezembro, quase dia de consoada, para passar as Festas com pais, avós, tios e sobrinhos. As últimas horas foram passadas nos centros comerciais, em busca do cachecol para o tio e daquele brinquedo para o sobrinho, que em Fornos a variedade é pouca, e quem vem da capital é quase como se viesse de França: tem que trazer algo de novo e caro, para mostrar como corre bem a vida. Enfim, as formalidades aquisitórias cumpridas, estavam já a caminho, imbuídos de espírito natalício, discutindo quantas ovelhas devia levar o presépio e cantando canções de Natal. Foi até o Coutinho ma