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A mostrar mensagens de dezembro, 2016

TV WC

   Porque sou uma pessoa intelectual, a pouca televisão que vejo é dedicada a canais fidedignos, recheados de conteúdos sérios, certificados. Nada daqueles canais disparatados, feitos para papalvo ficar ali frente ao televisor, com uma manta em cima dos joelhos e a baba a escorrer do canto da boca enquanto vê uma telenovela, ou um concurso em que se fazem perguntas de cultura geral sobre quem casou com quem na semana passada, ou ainda programas de entretenimento em que se lê a sina e se comenta o assassinato do dia. Nem sequer telejornais, entrevistas ao político da berra ou ao intelectual da moda. Nada disso. Nem TVI, nem SIC, nem Lux TV, nem Canal de Caça. Sou um telespectador exigente, membro da Ordem dos Telespectadores, provavelmente candidato a Provedor do Telespectador num futuro próximo, e, como disse, só vejo canais fidedignos, recheados de conteúdos sérios, certificados. O canal História (com um nome destes, com H e tudo, só pode ser bom) o Odisseia, o Discovery e outros assi

Velharia

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Estava sentado numa cadeira, entre muitas outras pessoas que frequentavam a feira de velharias. A senhora ia a passar, vendo o que havia, mais para passar o tempo do que por interesse em comprar fosse o que fosse, e chamou-lhe a atenção o garoto sentado sozinho numa cadeira de praia. Não teria mais que uns 6 anos, e tinha encostado às canelas um pedaço de cartão onde estrava escrito a marcador preto "VENDESSE". Já outras pessoas tinham reparado naquilo, mas como não havia junto ao garoto nada que se vendesse, seguiram adiante, reparando em louças de Limoges, livros do Júlio Verne e gravadores de vídeo betamax, que outras pessoas tentavam vender com orgulho. O miúdo não parecia orgulhoso, quando muito um pouco triste, se é que parecia alguma coisa, e talvez fosse esse ar de tristeza, mais do que o neologismo do cartão, que a levou a perguntar-lhe o que vendia. - Estou a vender o meu amigo imaginário - respondeu ele. - Como podes vender um amigo imaginário? O moço, não perceben