Numa singela freguesia ribatejana erguia-se um pinheiro. Ao contrário da freguesia, nada tinha de singelo. Era uma árvore grande, enorme, frondosa, e erguia-se altaneira e sobranceira num cabeço a uma centena de metros de um caminho municipal medianamente frequentado. Manso, o pinheiro, dava-se ares de sobreiro, assim isolado, e a sua larga copa fornecia apreciada sombra, frequentemente aproveitada para piqueniques familiares ou descansos merecidos de atletas de fim-de-semana, que aí retemperavam as forças a meio do seu passeio de bicicleta ou corrida de meio fundo. Essa copa abundante deixara no chão uma espessa camada de caruma, que nalguns lugares menos expostos chegava a criar cogumelos, não obstante a pilhagem a que estava sujeita nos meses de inverno. Muitas eram as lareiras da freguesia que lhe deviam a facilidade com que eram acesas, mas essa era apenas uma das múltiplas utilidades da conífera. As pinhas abundantes não davam apenas pinhões apetitosos, eram também um complemento