Pescador da barca bela, Onde vais pescar com ela. Que é tão bela, Oh pescador? Não vês que a última estrela No céu nublado se vela? Colhe a vela, Oh pescador! Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela... Mas cautela, Oh pescador! Não se enrede a rede nela, Que perdido é remo e vela, Só de vê-la, Oh pescador. Pescador da barca bela, Inda é tempo, foge dela Foge dela Oh pescador! A primeira coisa a que temos que prestar atenção é que este pescador é um vulgar pescador, igual a tantos outros, igual a todos os outros. Contudo, a sua barca é especial: é bela. É até "tão bela, ó pescador", o que a diferencia das demais barcas, e portanto dos demais pescadores. Temos então que desde o início fica claro que o tema do poema não é o pescador, mas a barca. O pescador não passa de um instrumento necessário à operação da barca, a qual, por si só, é inútil. A preocupação do autor é com a nave: tem receio que se perca, que naufrague e fique irrecuperável, o que seria uma perda irre