Um Café e um Bagaço
Cruzaram-se na rua, por acaso, e foram tomar um café. Apenas um café, porque o tempo não dava para mais, sendo dia de trabalho. Apenas um café e dois dedos de conversa de circunstância: o que é que tens feito, há que tempos que não me encontro com o pessoal, devíamos combinar alguma coisa para um fim de semana destes. Um café ao balcão, de pé, que o tempo não dava para mais. Uma bica curta para o Paulo e um café e um copo de água para o Luís. Tudo à pressa, que era dia de trabalho e o tempo não dava para mais. - Mas tu bebes a água depois do café? É pá, isso deixa um gosto esquisito na boca. - Não, habituei-me assim, já não passo sem ele. O Paulo estranhou, mas não insistiu. Contudo, uma senhora que estava sentada numa mesa quase encostada ao balcão acompanhada por um miúdo pequeno, talvez filho, ou neto, ouviu e comentou com o catraio: - Reparaste, Zezinho? Aquele senhor tomou um café e a seguir bebeu um copo de água. Ao Zezinho isso não fez espécie nenhuma, nunca