O Menino Que Não Era Diferente
Havia um menino que não era diferente. Por não ser diferente, não tinha direitos, pois desde que ouviu falar no direito à diferença que percebeu que o seu futuro estava comprometido. Não era de bronze, nem verde nem prodigioso. Chamava-se Rui. Não Ruy, que o seu nome era tão pouco diferente que não tinha ipsilons, capas ou apóstrofos. Era Rui Gomes da Silva. Às vezes, quando se sentava sozinho no seu quarto a pensar às escuras, achava que gostaria de ser Gomez, que isso lhe daria um certo encanto. Ruy Gomez d' Silva. Isso sim, seria um nome de respeito, capaz de rivalizar com os colegas da escola; o Davide, a Kristina ou o Phillippe. Havia até uma Anita, que não era Ana, uma Lena que não era Helena e um Alex que não era Alexandre. E depois havia aquele trauma de ter 3 nomes. Um próprio, um do pai e outro da mãe. Os outros meninos tinham muitos mais. Pelo menos uns cinco ou seis, como qualquer pessoa que se dá ao respeito. António Pedro Joaquim Moreira da Conceição Faria Meireles d&