A porca da velha















Luísa Ducla Soares



MAS QU'É ESTA MERDA?

Isto são coisas que se ponham nos livros de português dos putos?
Mas que sentido tem isto? Será que não há nada mais interessante para servir de modelo às criancinhas?
É para isto que eu pago os meus impostos? Isto é que é qualidade de ensino? O que se espera que os pobres piquenos venham a aprender com estas imbecilidades?
Que devemos chamar "velha" às senhoras de idade?
Não dá: respeito pelos mais velhos, cuidados da terceira idade, solidariedade social para com os pensionistas, desprezo e maus tratos para com os cidadãos sénior; políticamente incorrecto.
Que os porcos se põem debaixo da cama?
Não dá: associações dos direitos dos animais, Carta Internacional dos Animais Domésticos, Greenpeace, Fungagá da Bicharada e os animais são nossos amigos; políticamente incorrecto.
E se o porco estava debaixo da cama, onde estava o resto da bicharada? Porque tem o porco direito a um lugar especial, e os outros bichos não? É o lobby dos porcos, como na história do Orwell e a assembleia da república?
E se o porco roncava, o cão ladrava e o gato miava, tudo expressões de descontentamento, por que raio cantava o galo? Que sabia ele que os outros ignoravam?
E que é isto de estar só de uma banda só? Não devia ser "estou só de uma banda"? E se está só de uma banda, estará acompanhada da outra banda? E que banda é afinal essa? Uma banda de Rock'n'Roll? Uma banda filarmónica? Uma banda gástrica? Ou simplesmente a Outra Banda?
E afinal estaria a velha assim tão só, com tanta bicharada à sua volta? Se eu tivesse tanto animal aos berros à minha volta, bem ansiaria por alguma solidão.
Além disso, nós bem sabemos quem se costuma esconder à pressa debaixo das camas ou nos armários. Afinal que relação teria o porco com  a velha? Estaria ela de facto assim tão só?
Acho este poema demaasiado denso e difícil para miúdos de 8 anos. Se era para falar de velhas e bichos, proponho outro que faz muito mais sentido:

Uma velha tinha moscas
Uma velha tinha moscas
E dentro da casa as tinha
E dentro da casa as tinha
A velha matava, as moscas morriam
As moscas morriam e a velha dizia:
Banzé, Banzé.
Contra as moscas bate o pé!

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