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Hoje recebi uma mensagem de correio electrónico que me deu grande esperança num futuro melhor.

Uma senhora, que eu julgo não conhecer, a não ser que se trate de um pseudónimo, compromete-se a aumentar o  meu membro em espessura e tamanho. Parecer-me-ia uma boa ideia, não fora a minha costela de desconfiado. Algumas questões se me põem.



    QUAL MEMBRO?
    Tenho vários, e ainda sou membro de alguns clubes e sociedades, umas mais secretas do que as outras. De entre esta panóplia, sou forçado a questionar-me qual dos membros reúne as condições para ser aumentado, mas o que de facto me aflige, é não saber porque só um deles pode ser assim beneficiado, em detrimento dos outros. Se o membro em causa for o braço esquerdo, deverei ficar contente por o ver mais grosso e comprido? E o outro braço? Não ficará, por comparação, fino e curto? E se, por gentileza, a sra me permitir o upgrade de ambos os braços, não ficarei demasiado parecido com um orangotango? 

    PORQUÊ?
    Conquanto a ideia seja à partida uma boa ideia (mais e maior é quase sempre melhor), as motivações da generosa e altruísta senhora escapam-me. Se é minha conhecida, porque não se identificou? Se não é, porque lhe interessará o comprimento ou a espessura do meu membro? Haverá um banco de dados que desconheço em que todos os membros estão registados, e o meu não corresponderá à norma? Será uma imposição comunitária, aumentar periodicamente os membros, e incorrerei nalguma penalidade se não o fizer?

    PORQUÊ EU?
    A menos que a remetente conheça pouca gente, terei sido escolhido de entre um grupo hipoteticamente vasto para esta beneficiação. Alternativamente, haverá uma lista enorme de pessoas a fazer fila para a operação de aumento do membro, o que me parece improvável por questões logísticas e económicas. Assim, o meu membro terá sido seleccionado de entre um hipoteticamente vasto número de membros, alegadamente porque não corresponderá aos requisitos de tamanho e espessura da sra. Uma vez que não conheço esses requisitos, e não sei sequer se são particulares ou determinados superiormente por alguma instância quiçá supra-nacional, quedo-me na dúvida se a proposta ou oferta não será afinal um dever ou imposição.

    QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?
    Se deixar que o meu membro seja convenientemente aumentado, em que dívida incorrerei? Será esta proposta uma dádiva altruísta, um direito constitucional inscrito na Carta Internacional dos Direitos dos Membros e por isso gratuito, ou pelo contrário tratar-se-á de uma proposta de negócio mais ou menos ilícito? Qual a compensação que deverei prestar no caso de aceitar? Estará implícito o uso posterior do membro devidamente aumentado, pela senhora ou alguma organização ou corporação a que pertença?


    Depois de ponderar longamente estes e outros pontos, tomei uma resolução. Irrevogável! Vou rever as definições do meu filtro de spam.

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