Raio de Sol

Um raio de sol.
Era um raio de sol.
E não era apenas um raio de sol, era o raio de sol mais bonito de todo o Sol. Era mais brilhante que qualquer outro, mais luminoso que os demais e carregava mais ultravioletas do que a maioria jamais sonhara ser possível. Era um raio de sol especial. Se os outros viajavam a 300000 km por segundo, aquele viajava a 300002. Mais rápido do que a luz.
Era evidente para todos os raios que há no Sol (e há muitos raios no Sol), que aquele em particular estava fadado para grandes feitos. Até tinha nome. Um nome florido e alegre. Chamava-se Raio de Sol. Os pais eram hippies...
Entretinha-se no Sol a preparar o seu dia. Flamejava e aquecia os motores para a sua viagem. Dava arranques e recuava. Aquecia ao rubro, depois ao rubro branco, e acalmava. Preparava-se.
Os outros raios de sol observavam, respeitosos e temerosos. Raio de Sol impunha respeito e temor. Não porque fosse mau, perigoso ou austero, mas a sua aura era tão forte, a sua presença tão pujante, que à sua volta, por comparação, o Sol parecia morno e mortiço.
Chegou o dia em que Raio de Sol estava pronto. Flamejou, aqueceu mais que nunca, atingiu picos de ultravioleta que fizeram os raios de sol vizinhos pôr protector solar, escolheu cuidadosamente o seu destino, e quando estava pronto a lançar-se no vazio a 300002 km por hora, possivelmente até 300003... anoiteceu.
Ora o raio do Sol!

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