Desporto

   Não sou um desportista. Tampouco sou um amante do desporto. Nunca fui daquelas pessoas que seguem religiosamente cada jornada de futebol, cada grande prémio de F1 ou cada Taça CERS. Mas sou Português, e não há português que se preze (e eu prezo-me, porque se não me prezar, ninguém me prezará) que não tenha lá no fundo uns resquícios de memórias de tempos áureos futebolísticos. No meu caso esses tempos medem-se em nomes, uns mais famosos que outros, outros esquecidos. Mas eu lembro-me. Estão-me indelevelmente gravados na memória, em baixo relevo, nomes e figuras que fazem parte do nosso património histórico, ainda que escamoteados do rol de D. Fuas Roupinho, Deu-La-Deu Martins ou Brites de Almeida. Serei parcial, dada a minha costela Benfiquista, mas qual é o Português digno desse título que pode passar ao lado de nomes como Bento, Victor Baptista (sim, com C e com P) e Shéu Han? Alguém pode esquecer Néné, Simões ou Jaime Graça? Mas eu não sou apenas Benfiquista. Há outros nomes que perduram: Jordão, Damas, Yazalde e Barrigana! Por que não figuram estes nomes nos compêndios, a par do padre Bartolomeu de Gusmão, Sertório ou dos capitães de abril?
   Mas alto na lista das minhas memórias, há um nome que sobressai. E não é do Benfica. Um jogador de futebol inscrito nas fileiras de um pequeno clube de uma terreola esquecida no norte de Portugal, oriundo de uma das colónias, como Eusébio, Pauleta ou Cristiano Ronaldo.
   Jogava no Boavista e o seu nome era Bobó.
   Haverá quem se tenha esquecido de Bobó? Improvável. Hoje, como dantes, Bobó está presente nas mentes dos jogadores de futebol, como atleta, desportista, companheiro e camarada, sempre disposto a ajudar e apoiar os colegas, nas vitórias como nas derrotas. E qual será o jogador que, depois de uma vitória ou até uma derrota, não gostaria de chegar ao balneário e ser recebido por um Bobó, sempre disponível para apoiar os colegas e levantar-lhes o moral?
   Mamadou Bobó é o seu nome e porque o povo não esquece anda ainda hoje nas bocas de muita gente.

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