A apologia da metodologia

Faço a apologia da metodologia.
Não me falem em poesia
que me deixa irritado,
amofinado, cansado.
A minha veia poética está exangue
Os meus segundos sentidos, embotados
A minha métrica, delirante
E os recursos, linguísticos.
Não quero saber de metáforas
De síncopes, sinestesias ou anástrofes
Detesto  prosopopeias e anáforas,
Pleonasmos, eufemismos e metásteses.
Enfadam-me a liberdade poética
E poemas psicanalisados.
Renego a teoria Aristotélica.
Quero os textos apenas terminados.


Que me falem em metodologia, Em processos bem delineados, Em objetivos alcançados. Em tabelas e gráficos, Em dados e estatísticas, Em análises e conclusões, Em resultados tangíveis. Quero ver a lógica a imperar, A razão a triunfar, A objetividade a reinar. Quero a clareza, a precisão, A concisão, a exatidão. Quero a ordem, a disciplina, A metodologia, a minha sina.

Que me falem em projetos, Em planos de ação, Em metas e prazos, Em orçamentos e recursos, Em cronogramas e checklists, Em relatórios e avaliações, Em melhoria contínua. Quero ver a eficiência, A eficácia, a produtividade. Quero a gestão, a liderança, A organização, a planificação. Quero a metodologia, A minha filosofia, A minha teologia.




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