Estultícia a rodos
Houve em tempos que já lá vão, um senhor que já lá ia.
- Já lá vou! - dizia.
E sem saber aonde ia, dizia que iria onde podia. E se bem o dizia, melhor o fazia: ia, sem saber onde iria, e quando não podia, insistia, insistia, até que via que não conseguia. E ao ver que não conseguia, sentava-se e lia. Lia com alegria e tanto lia que dizia sem ironia:
- Sou um homem culto.
E embora fosse culto era contudo estulto, pois não percebia o que lia. Não esquecia o que lia, apenas não o percebia, e nem sequer compreendia que o que lia, não percebia, pois era apenas estultícia, não malícia, que fazia ironia onde ironia não havia.
Ora tinha este homem estulto um primo que era astuto. E dizia o astuto ao estulto:
- Priminho, - pois se tratavam com carinho - não sigas esse caminho. Tanta leitura dá muita cultura, mas chega uma altura em que a cultura pura e dura já não se atura. Bebe antes uma cerveja, faz algo que se veja. Aquilo que a gente deseja é que te entreguem numa bandeja tudo aquilo que almejas.
Assim falava o inculto astuto, enquanto o estulto culto, que o sabia arguto, procurava malícia nessa argúcia fictícia, pois não dava notícia que era com perícia que o priminho (tratavam-se com carinho) o punha no bom caminho.
Era afinal o inculto astuto longânimo, magnânimo, magnífico, pacífico, e só por estultícia o estulto culto isso não reconhecia e se não se insurgia contra a sua letargia. Por isso lia, lia...
- Já lá vou! - dizia.
E sem saber aonde ia, dizia que iria onde podia. E se bem o dizia, melhor o fazia: ia, sem saber onde iria, e quando não podia, insistia, insistia, até que via que não conseguia. E ao ver que não conseguia, sentava-se e lia. Lia com alegria e tanto lia que dizia sem ironia:
- Sou um homem culto.
E embora fosse culto era contudo estulto, pois não percebia o que lia. Não esquecia o que lia, apenas não o percebia, e nem sequer compreendia que o que lia, não percebia, pois era apenas estultícia, não malícia, que fazia ironia onde ironia não havia.
Ora tinha este homem estulto um primo que era astuto. E dizia o astuto ao estulto:
- Priminho, - pois se tratavam com carinho - não sigas esse caminho. Tanta leitura dá muita cultura, mas chega uma altura em que a cultura pura e dura já não se atura. Bebe antes uma cerveja, faz algo que se veja. Aquilo que a gente deseja é que te entreguem numa bandeja tudo aquilo que almejas.
Assim falava o inculto astuto, enquanto o estulto culto, que o sabia arguto, procurava malícia nessa argúcia fictícia, pois não dava notícia que era com perícia que o priminho (tratavam-se com carinho) o punha no bom caminho.
Era afinal o inculto astuto longânimo, magnânimo, magnífico, pacífico, e só por estultícia o estulto culto isso não reconhecia e se não se insurgia contra a sua letargia. Por isso lia, lia...
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