Terrorismo
Bom Dia Portugal! Ou qualquer outro programa matinal de tv. Garantido o sucesso sempre que é transmitido ao vivo de qualquer aldeia ou vila. É certo que arrasta multidões, e isso é uma coisa perigosa nos tempos que correm.
Chamada telefónica:
- Polícia de Segurança Pública, bom dia.
- Escute com atenção, vou dizer isto apenas uma vez: há uma bomba no recinto de onde vão transmitir o Bom Dia Portugal.
Clique, chamada desligada.
O cabo Gonçalves ficou a princípio atarantado com a informação, mas rapidamente o seu treino de telefonista veio ao de cima e ligou por sua vez para a brigada de minas e armadilhas a comunicar a ocorrência. Uma voz profissional assegurou-lhe que estariam no local em menos de 15 minutos, e assim foi. Uma carrinha preta sem identificação chegou rapidamente e sem alarido e parou em frente do sargento Garcia, que superintendia a segurança da transmissão televisiva e desconhecia a ameaça. Vários indivíduos sairam rapidamente e rodearam-no.
- Sou o Capitão Bexiga e comando esta operação. Quero um perímetro de segurança de 118 metros. - disse um.
O sargento ia perguntar do que se tratava, mas um segundo indivíduo atalhou:
- Eu é que comando esta operação. Sou o Capitão-Tenente Fagundes. Mande evacuar os populares.
Desta vez o sargento nem teve tempo de pensar numa pergunta. Um terceiro indivíduo interrompeu:
- Quem manda aqui sou eu. Sou o Capitão-de-Mar-e-Guerra Silveira. Diga aos seus homens que façam sair as pessoas sem espalhar o pânico. Mulheres e crianças primeiro.
Antes que o sargento pudesse explicar que não tinha homens, que estava sozinho, um quarto homem discordou:
- Isto não é mar nem é guerra, quem está no comando sou eu. Sou o Capitão de Equipa Bernardes.
O Capitão de Equipa nem teve tempo de dar instruções, pois os outros capitães imediatamente o contradisseram, cada um reclamando para si o direito e o dever de orientar a acção. Quando um Capitão-de-Fragata, um Capitão da Areia e o Capitão América juntaram as suas vozes ao barulho, a discussão subiu de tom, e foi o cabo Gonçalves, que tinha vindo no carro da Escola Segura ver o que se passava, deixando o telefone da esquadra desguarnecido, quem se infiltrou pelo recinto à procura da bomba. Encontrou-a dissimulada numa máquina de tirar imperiais, onde podia fazer o maior estrago. Enquanto os diversos capitães se retiraram para dentro da carrinha, para esclarecer as questões de liderança através do clássico e comprovado método militar de rei-capitão-soldado-ladrão, o cabo Gonçalves desaparafusou cuidadosamente a chapa que rodeava a máquina, expondo um complexo dispositivo e também uma bomba. Inseguro quanto ao procedimento a tomar, recorreu ao seu treino para-militar e através do seu telemóvel ligou para a brigada de minas e armadilhas, onde um tal cabo Garrinha o atendeu e explicou que todos os graduados tinham saído para acorrer a uma ameaça de bomba. Contudo, se ele pudesse ajudar...
- Tenho à minha frente um engenho explosivo prestes a detonar. Estou num local com milhares de pessoas e tenho que desarmar a bomba. Preciso de orientação.
- Corte o fio amarelo. - ordenou o cabo Garrinha.
- Não há fio amarelo - explicou o cabo Gonçalves. - Tenho aqui um emaranhado de fios, mas nenhum é amarelo. Não sei qual hei de cortar.
- Então corte o fio azul. - decidiu o cabo Garrinha, consciente de que estava seguro no quartel-general da brigada de minas e armadilhas.
- Também não há fio azul. Tenho um molho de fios vermelhos.
- Conheço essa configuração. Deve ter um fio vermelho, outro encarnado, um carmesim, um escarlate, dois grenás e um bordeaux.
O cabo Gonçalves ficou baralhado.
- Muito cuidado, não corte o carmesim nem o encarnado, ou a bomba explodirá.
- Qual deles é o carmesim? São todos vermelhos.
- Não, só um deles deve ser vermelho. Os outros serão encarnado, carmesim, escarlate, grená e bordeaux. Estou correcto?
- Sei lá! Parecem-me todos vermelhos!
- Qual deles está ligado ao detonador? Deve ser o grená ou o bordeaux...
- É um vermelho.
- Não, o vermelho deverá estar ligado em paralelo com o escarlate.
O cabo Gonçalves começou a suar.
- Oiça, nosso cabo, há aqui um relógio que começou a contar para trás. Isto não parece bom.
- Tocou no fio encarnado?
- Toquei num fio. São todos encarnados.
- O fio grená deverá desactivar o temporizador, mas cuidado, porque o bordeaux poderá fazer detonar o engenho.
- Qual corto? A contagem está quase no fim.
- O escarlate. Corte o escarlate.
- SÂO VERMELHOS!
Com a contagem quase a chegar a 0 o cabo Gonçalves, em desespero de causa, escolheu um fio, cortou-o, e a catástrofe aconteceu: desligou a máquina da imperial.
Chamada telefónica:
- Polícia de Segurança Pública, bom dia.
- Escute com atenção, vou dizer isto apenas uma vez: há uma bomba no recinto de onde vão transmitir o Bom Dia Portugal.
Clique, chamada desligada.
O cabo Gonçalves ficou a princípio atarantado com a informação, mas rapidamente o seu treino de telefonista veio ao de cima e ligou por sua vez para a brigada de minas e armadilhas a comunicar a ocorrência. Uma voz profissional assegurou-lhe que estariam no local em menos de 15 minutos, e assim foi. Uma carrinha preta sem identificação chegou rapidamente e sem alarido e parou em frente do sargento Garcia, que superintendia a segurança da transmissão televisiva e desconhecia a ameaça. Vários indivíduos sairam rapidamente e rodearam-no.
- Sou o Capitão Bexiga e comando esta operação. Quero um perímetro de segurança de 118 metros. - disse um.
O sargento ia perguntar do que se tratava, mas um segundo indivíduo atalhou:
- Eu é que comando esta operação. Sou o Capitão-Tenente Fagundes. Mande evacuar os populares.
Desta vez o sargento nem teve tempo de pensar numa pergunta. Um terceiro indivíduo interrompeu:
- Quem manda aqui sou eu. Sou o Capitão-de-Mar-e-Guerra Silveira. Diga aos seus homens que façam sair as pessoas sem espalhar o pânico. Mulheres e crianças primeiro.
Antes que o sargento pudesse explicar que não tinha homens, que estava sozinho, um quarto homem discordou:
- Isto não é mar nem é guerra, quem está no comando sou eu. Sou o Capitão de Equipa Bernardes.
O Capitão de Equipa nem teve tempo de dar instruções, pois os outros capitães imediatamente o contradisseram, cada um reclamando para si o direito e o dever de orientar a acção. Quando um Capitão-de-Fragata, um Capitão da Areia e o Capitão América juntaram as suas vozes ao barulho, a discussão subiu de tom, e foi o cabo Gonçalves, que tinha vindo no carro da Escola Segura ver o que se passava, deixando o telefone da esquadra desguarnecido, quem se infiltrou pelo recinto à procura da bomba. Encontrou-a dissimulada numa máquina de tirar imperiais, onde podia fazer o maior estrago. Enquanto os diversos capitães se retiraram para dentro da carrinha, para esclarecer as questões de liderança através do clássico e comprovado método militar de rei-capitão-soldado-ladrão, o cabo Gonçalves desaparafusou cuidadosamente a chapa que rodeava a máquina, expondo um complexo dispositivo e também uma bomba. Inseguro quanto ao procedimento a tomar, recorreu ao seu treino para-militar e através do seu telemóvel ligou para a brigada de minas e armadilhas, onde um tal cabo Garrinha o atendeu e explicou que todos os graduados tinham saído para acorrer a uma ameaça de bomba. Contudo, se ele pudesse ajudar...
- Tenho à minha frente um engenho explosivo prestes a detonar. Estou num local com milhares de pessoas e tenho que desarmar a bomba. Preciso de orientação.
- Corte o fio amarelo. - ordenou o cabo Garrinha.
- Não há fio amarelo - explicou o cabo Gonçalves. - Tenho aqui um emaranhado de fios, mas nenhum é amarelo. Não sei qual hei de cortar.
- Então corte o fio azul. - decidiu o cabo Garrinha, consciente de que estava seguro no quartel-general da brigada de minas e armadilhas.
- Também não há fio azul. Tenho um molho de fios vermelhos.
- Conheço essa configuração. Deve ter um fio vermelho, outro encarnado, um carmesim, um escarlate, dois grenás e um bordeaux.
O cabo Gonçalves ficou baralhado.
- Muito cuidado, não corte o carmesim nem o encarnado, ou a bomba explodirá.
- Qual deles é o carmesim? São todos vermelhos.
- Não, só um deles deve ser vermelho. Os outros serão encarnado, carmesim, escarlate, grená e bordeaux. Estou correcto?
- Sei lá! Parecem-me todos vermelhos!
- Qual deles está ligado ao detonador? Deve ser o grená ou o bordeaux...
- É um vermelho.
- Não, o vermelho deverá estar ligado em paralelo com o escarlate.
O cabo Gonçalves começou a suar.
- Oiça, nosso cabo, há aqui um relógio que começou a contar para trás. Isto não parece bom.
- Tocou no fio encarnado?
- Toquei num fio. São todos encarnados.
- O fio grená deverá desactivar o temporizador, mas cuidado, porque o bordeaux poderá fazer detonar o engenho.
- Qual corto? A contagem está quase no fim.
- O escarlate. Corte o escarlate.
- SÂO VERMELHOS!
Com a contagem quase a chegar a 0 o cabo Gonçalves, em desespero de causa, escolheu um fio, cortou-o, e a catástrofe aconteceu: desligou a máquina da imperial.
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