Globetrotter

Tenho problemas de identidade. Esta coisa da globalização dos voos baratos e dos passaportes sem fronteiras, traz grandes complicações. Por causa disso a minha família é global, e por causa disso, semi-disfuncional.
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Tudo começou quando um tio-avô guatemalteco se apaixonou por uma bela hondurense. Até aqui nada de estranho, mas os meus sobrinhos-avós (ou sobrinhos-netos, não sei bem), nasceram panamianos, por via da profissão do meu tio-avô, que o levava a viajar amiúde. Quando cresceram começaram a ter dificuldade em preencher os formulários em que se inquiria da nacionalidade dos pais e demais família. É que a ascendência da hondurense incluía um natural do Mali, que talvez fosse Maliano ou Maliense, outro do Chade (chadiano, sem dúvida) e um primo afastado natural de Madagáscar e do qual nunca ninguém foi capaz de adivinhar a nacionalidade, Especulou-se que fosse madagasquês, alvitrou-se que seria madagasquense, sugeriu-se que era de facto madagascano, mas à cautela todos se referiam a ele como "o primo de Madagáscar". E mesmo sabendo que era oriundo da capital, o melhor que se conseguiu foi imaginar que seria Antananarivês. A ninguém ocorreu que era da República Malgaxe.

Quando o trabalho do meu tio-avô o levou a instalar-se em Aruba, os problemas recrudesceram. Por esta altura nem o próprio sabia qual era a sua nacionalidade, mas a gota de água surgiu quando volvidos alguns meses teve que se instalar no Belize. A partir daqui registou-se oficialmente como apátrida.

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