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Sindicato dos Professores Dessindicalizados

ESTATUTOS I 1 - O Sindicato dos Professores Dessindicalizados (doravante referido como SPD) assume-se como associação sem fins não lucrativos ao serviço da classe docente que não se revê nas múltiplas organizações sindicais, para-sindicalizadas, ou agremiações de organizações similares actualmente disponíveis no espectro nacional da oferta de instituições semelhantes. 2 - O SPD referencia-se como como instituição apolítica, assexuada e não-racial, aceitando membros que não tenham credos ou ideologias políticas, sexo ou raça. Assume-se contudo como instituição não laica, na medida em que se afirma de inspiração Bostiana, cujos princípios nortearão a sua actuação. 3 - O SPD, enquanto associação, rejeita o conceito de sócios, os quais não terá em circunstância alguma.  4 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, o SPD aceitará membros, de entre os docentes que comprovadamente não sejam sindicalizados. 5 - Os membros estarão isentos do pagamento de quotas, uma vez que o SPD é, e s...

Bostaluia

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    Já viram bem os telejornais? Já ouviram os noticiários? Consultaram a Internet?  Parece que o mundo está a acabar. Fome no Ruanda, contaminação nuclear em Fukushima, desaparecimento das calotes polares, o preço do barril de crude a subir, incêndios, terramotos, avalanchas, erupções vulcânicas. Racismo, HIV, atentados terroristas, bolhas imobiliárias, tsunamis, homofobia. O mundo está a acabar!    Mas há esperança, senhoras e senhores. Não atirem ainda a toalha, temos ainda vários assaltos pela frente. Mais que esperança, há vida e há certeza. O mundo NÂO vai acabar, irmãos e irmãs.  E como é que eu sei? Sei-o porque há alguém que vela por nós. Há alguém que está no nosso canto, que está em todos os cantos, que está em  toda a parte. Alguém para quem as inundações, os descarrilamentos e a xenofobia não são mais que incómodos passageiros. Alguém através de quem ultrapassaremos a seca mais severa, a doença mais virulenta, o asteróide mais destruidor. ...

Meia noite em ponto

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Era meia-noite em ponto, faltava um quarto para a uma. Um ancião ainda moço Todo nú de mão no bolso Sentado em pé num banco de pau feito de pedra  Lia um jornal sem letras À luz de um candeeiro apagado Que um caracol descia para cima. E nas letras que o jornal não trazia, dizia: "o mundo é uma esfera quadrada que gira parada em torno do sol, e enquanto as pachorrentas vacas voam de galho em galho andam os lindos passarinhos a pastar pelos campos de orvalho..." E lendo isto, a cega analfabeta gritou em surdina: - Prefiro matar-me do que perder a vida.

Aleluia

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  Já viram bem os telejornais? Já ouviram os noticiários? Consultaram a Internet?  Parece que o mundo está a acabar. Fome no Ruanda, contaminação nuclear em Fukushima, desaparecimento das calotes polares, o preço do barril de crude a subir, incêndios, terramotos, avalanchas, erupções vulcânicas. Racismo, HIV, atentados terroristas, bolhas imobiliárias, tsunamis, homofobia. O mundo está a acabar!    Mas há esperança, senhoras e senhores. Não atirem ainda a toalha, temos ainda vários assaltos pela frente. Mais que esperança, há vida e há certeza. O mundo NÂO vai acabar, irmãos e irmãs.  E como é que eu sei? Sei-o porque há alguém que vela por nós. Há alguém que está no nosso canto, que está em todos os cantos, que está em  toda a parte. Alguém para quem as inundações, os descarrilamentos e a xenofobia não são mais que incómodos passageiros. Alguém através de quem ultrapassaremos a seca mais severa, a doença mais virulenta, o asteróide mais destruidor.   ...

Um Café e um Bagaço

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       Cruzaram-se na rua, por acaso, e foram tomar um café. Apenas um café, porque o tempo não dava para mais, sendo dia de trabalho. Apenas um café e dois dedos de conversa de circunstância: o que é que tens feito, há que tempos que não me encontro com o pessoal, devíamos combinar alguma coisa para um fim de semana destes. Um café ao balcão, de pé, que o tempo não dava para mais. Uma bica curta para o Paulo e um café e um copo de água para o Luís. Tudo à pressa, que era dia de trabalho e o tempo não dava para mais.    - Mas tu bebes a água depois do café? É pá, isso deixa um gosto esquisito na boca.    - Não, habituei-me assim, já não passo sem ele.   O Paulo estranhou, mas não insistiu. Contudo, uma senhora que estava sentada numa mesa quase encostada ao balcão acompanhada por um miúdo pequeno, talvez filho, ou neto, ouviu e comentou com o catraio:    - Reparaste, Zezinho? Aquele senhor tomou um café e a seguir bebeu um copo de á...

Inequívoca Justiça

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Da tribuna o juiz expunha as suas dúvidas: - Recapitulando: o queixoso afirma que foi atacado com um objecto contundente por um indivíduo encorpado, de tez macilenta, suíças ruivas, embora fosse calvo, envergando um fato de caqui adornado com lantejoulas. É assim? - É assim exactamente, Sr. Dr. Juiz. - confirmou o queixoso. - E arescenta a transcrição de um depoimento de uma testemunha ocular que não pode estar presente devido à sua pouca idade. Correcto? - Sim, Sr. Dr. Juiz. - confirmou a acusação. E acrescentou: - A testemunha presenciou tudo a partir da janela da sala de aula da sua escola. - Bom, de acordo com este depoimento, o atacante é, cito, "um bacano cool tipo de cap e vans". Não parece corresponder à descrição. - O meu cliente assegura que sim. - Diz a testemunha que em vez de um objecto contundente o homem teria "uma ceninha tipo assim bué de marada". A acusação aproveitou a oportunidade: - Exactamente, Sr. Dr. Juiz. Um objecto perigo...

A lagarta antropófaga

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   Como formigas diligentes enfileiram monocordicamente seguindo o caminho inconscientemente memorizado.    Como um rebanho bem amestrado avançam coordenadamente, todos ao mesmo passo, pelo cais, amontoando-se até se pisarem uns aos outros.     Como um bando de pombos entrando  pelo pombal, invadem a carruagem procurando um lugar sentado, o melhor lugar, à janela, virado para a frente.     Quando o comboio finalmente parte, seguem em silêncio enfronhados nos smartphones, folheando os jornais desportivos ou ouvindo privadamente música, no silêncio dos seus auscultadores, fila após fila de ninguéns, destinados a coisa nenhuma, preenchendo os dias finitos de uma existência pré-determinada pelas suas incumbências e necessidades artificiais.      E contudo...     A rapariga de óculos sentada junto à coxia, que abana imperceptivelmente a cabeça ao som de uma música que só ela ouve, é campeã de ginástica acrobática.   ...